MLS - Educational Research (MLSER)http://mlsjournals.com/ISSN: 2603-5820 |
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(2024) MLS-Educational Research 8(2), 279-294. doi: doi.org/10.29314/mlser.v8i2.2247.
ESTUDO DE CASO DE UMA CRIANÇA COM TRANSTORNO DESAFIADOR OPOSITIVO (TDO) EM AMBIENTE FAMILIAR COM USO DE MÚSICA CLÁSSICA
José Antonio Maciel Pereira
Centro Universitario de Grande Dourados (Portugal)
rosacunhaklemm@gmail.com · https://orcid.org/https://orcid.org/0009-0005-5429-0220
Maria Rosa Cunha Klemm
Centro Universitário da Grande Dourados (Portugal)
josemaciel1963@gmail.com · https://orcid.org/https://orcid.org/0000-0002-2364-4332
Resumo: Este artigo possui o objetivo de observar, analisar, discutir e propor possibilidades de melhoria de uma atividade pedagógica aplicada para uma criança portadora do transtorno desafiador opositivo (TDO) com a sua família sob um foco inclusivo. Trata-se de um estudo de caso de fundo qualitativo, sob o olhar de uma proposta de diferenciação pedagógica, que apresenta uma prática musical ao piano, de 50 minutos de duração, para um menino de cinco anos de idade, à luz do método do pedagogo austríaco Jacques Dalcroze, que propõe o uso de três domínios básicos de avaliação para o sucesso de uma intervenção pedagógica musical: a rítmica, do solfejo e da improvisação. Ocorreram movimentos do corpo da criança, influenciados pela música e entendimento da partitura musical, mas sem conseguir a marcação dos tempos com o uso das mãos e com restrita exteriorização musical por meio do sentido tátil-motor. A presença e motivação dada pelo pai é vista como um fator de sucesso. Existe a necessidade de melhor planejamento da intervenção contando com a família desde o início, bem como a presença do pai foi motivadora para os momentos de sucesso da prática.
keywords: TDO, inclusão, Dalcroze, música, família
CASE STUDY OF A CHILD WITH OPPOSITIVE CHALLENGING DISORDER (ODD) IN A FAMILY ENVIRONMENT USING CLASSIC MUSIC
Abstract: This article aims to observe, analyze, discuss and propose possibilities for improving a pedagogical activity proposed for a child with oppositional defiant disorder (ODD) with his family under an inclusive focus. This is a case study with a qualitative background, from the point of view of a proposal for pedagogical differentiation, which presents a musical practice on the piano, lasting 50 minutes, for a five-year-old boy, at in the light of the method of Austrian pedagogue Jacques Dalcroze, who proposes the use of three basic domains of evaluation for the success of a musical pedagogical intervention: rhythmic, solfeggio and improvisation. There were movements of the child's body influenced by the music and understanding of the musical score, but without being able to mark the beats with the use of the hands and with restricted musical exteriorization through the tactile-motor sense. The presence and motivation given by the father is seen as a success factor. There is a need for better planning of the intervention, counting on the family from the beginning, and the presence of the father was a motivator for the successful moments of the practice.
keywords: ODD, inclusion, Dalcroze, music, family
ESTUDIO DE CASO DE UN NIÑO CON TRASTORNO DE COMPETENCIA OPOSITIVA (TCO) EN UN ENTORNO FAMILIAR UTILIZANDO MÚSICA CLÁSICA
Resumen: Este artículo tiene como objetivo observar, analizar, discutir y proponer posibilidades de mejora de una actividad pedagógica propuesta para un niño con trastorno negativista desafiante (TND) con su familia bajo un enfoque inclusivo. Se trata de un estudio de caso con antecedentes cualitativos, desde el punto de vista de una propuesta de diferenciación pedagógica, que presenta una práctica musical en el piano, con una duración de 50 minutos, para un niño de cinco años, en a la luz del método del pedagogo austríaco Jacques Dalcroze, quien propone el uso de tres dominios básicos de evaluación para el éxito de una intervención pedagógica musical: rítmica, solfeo e improvisación. Hubo movimientos del cuerpo del niño influenciados por la música y comprensión de la partitura, pero sin poder marcar los tiempos con el uso de las manos y con exteriorización musical restringida a través del sentido táctil-motor. La presencia y motivación dada por el padre es vista como un factor de éxito. Existe la necesidad de una mejor planificación de la intervención, contando con la familia desde el inicio, y la presencia del padre fue un motivador para los momentos exitosos de la práctica.
Palabras clave: TND, inclusión, Dalcroze, música, familia
Introdução
A dificuldade de lidar com crianças que possuem comportamento diferente do padrão de normalidade é um dos grandes desafios da Educação nos dias de hoje, mesmo considerando que todas as políticas inclusivas que estão em vigor, que buscam dar orientação para que as práticas pedagógicas devam conter uma proposta de preparação para a inclusão social. Estas práticas possuem características próprias para serem operacionalizadas dentro de uma sala de aula de uma instituição escolar que, em tese, deve estar preparada para este tipo de atividade com o foco da inclusão. Contudo, o processo inclusivo é muito mais amplo, pois possui uma característica sistêmica e não pode ficar restrito à escola, ou seja, o ambiente do lar do aluno deve ser considerado como um local onde o exercício inclusivo deva existir. Neste universo, práticas pedagógicas inclusivas em seu ambiente familiar para uma criança de pré-alfabetização podem ser mais um apoio no desafio da inclusão da criança e, por conseguinte, devem ser incentivados. (Lopes, Castro & Santos, 2022).
Nesta ótica inclusiva, encontra-se o desafio de lidar com crianças portadoras do transtorno desafiador opositivo (TDO), cuja definição técnica e caraterização do transtorno pode ser encontrada na página 462 do “Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais - 5.ª edição (DMS-5) editado no ano de 2014” (Varela, 2022, p. 20), com a revisão deste documento realizada no ano de 2022: DSM-TR (The Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders 5th Edition, Text Revision) (Sousa, 2022). Vale destacar que Cortes (2021) mostra que este tipo de transtorno “apresenta a prevalência de 2 a 16% da população em idade escolar” (p. 9).
Em uma visão objetiva, este tipo de transtorno pode ser traduzido por uma síndrome comportamental que, em geral, se manifesta em meninos (Lobo & Mamedes, 2020; Côrtes, 2021; Varela, 2022) na infância, trazendo, não só problemas de relacionamento na escola, mas uma grande dificuldade de socialização familiar da criança com os pais e os outros moradores do seu lar (Teixeira, 2014). Deste modo, na visão de Alves et al. (2023), pode ser “caracterizado por comportamentos negativistas e hostis” (p. 7), que torna-se um desafio lidar com crianças que possuem este tipo de disfunção de autocontrole das emoções (Peixoto & Assis César, 2023, p. 98) em seu ambiente familiar. Deste modo, tornando-se mais desafiador o papel da família para ser parte do exercício de construção de um processo inclusivo para a criança em seu próprio lar. Em outras palavras, práticas e ferramentas específicas dentro de uma proposta da diferenciação pedagógica na residência da criança, que sejam complementares à Escola ou a tratamentos de clínicas médicas, podem ser de grande valia ao bem da criança. Sob todos estes primas, consegue-se explicitar a inquietação da pesquisadora, que se traduz no problema de que pretende buscar a solução para situações rotineiras em sua vida prática de terapeuta clínica, pois constata que muitas famílias e, especificamente, os pais, não conseguem estabelecer práticas pedagógicas inclusivas em casa, que sejam mais consistentes para as crianças portadoras de TDO (Lobo & Mamedes, 2020).
Como característica própria, este artigo possui o condão de contribuir para o tema, já que, atualmente, existem poucos estudos disponíveis que relacionem este tipo de transtorno com a metodologia de Émile Jacques Dalcroze (Viena, 6 de julho de 1865 - Genebra, 1 de julho de 1950), que criou de um sistema de ensino de música baseado no movimento corporal expressivo, que se tornou mundialmente difundido a partir da década de 1930. Sob este véu, este trabalho acadêmico versa sobre o importante tema da inclusão, tendo o objeto de análise uma criança com transtorno desafiador opositivo (TDO) ao exercitar uma prática pedagógica musical na residência familiar. Desenvolve a hipótese de que o uso de música clássica, observado sob um método de avaliação consagrado na literatura acadêmica, traz insumos importantes que se traduzem em relações familiares mais eficientes e eficazes em prol da criança. Isto, por conseguinte, pode ser uma oportunidade de alavancar o processo inclusivo na própria família, bem como trazer melhorias sistêmicas no universo da criança fora de sua casa. Por isso, faz todo o sentido de se falar que o engajamento da família é determinante para o sucesso de vida desta criança com TDO, pois “não é apenas o que se passa na relação entre os pais e a criança antes desta ir para a escola. Perpassa todo o processo de desenvolvimento, sendo a dimensão relacional familiar do percurso inclusivo” (Franco, 2011, p. 4).
Nesta ótica, o problema de pesquisa norteador do projeto é propor uma prática com base na pedagogia de diferenciação para contribuir com pais que possuem dificuldades de lidar com este tipo de transtorno em seus lares. Assim, a pergunta de pesquisa surge como apresentar, observar, analisar, discutir e propor melhorias em uma prática pedagógica familiar e inclusiva envolvendo uma criança com TDO? Em adição, o artigo possui o objetivo geral de apresentar, observar, analisar, discutir e propor melhorias de uma prática pedagógica inclusiva no lar para uma criança com transtorno opositor desafiador (TDO), com o uso de música clássica. Para a consecução do objetivo geral, são, ainda, propostos como os objetivos específicos de listar as etapas da prática e discutir a sua dinâmica sob o manto da literatura acadêmica selecionada.
Este artigo acadêmico é dividido em seis seções, que se constituem como introdução, desenvolvimento, materiais e métodos, resultados e discussão e, ao final, são feitas as considerações finais.
O transtorno desafiador opositivo, pode ser encontrado na literatura acadêmica como “transtorno opositivo desafiador”, “transtorno de oposição” ou “desafio e transtorno opositor desafiante” (Cortês, 2021). Possui a predominância em crianças do sexo masculino, que, aparentemente, tendem a ter mais energia em seu lar, sendo que “os sintomas iniciais ... ocorrem normalmente entre 6 e 8 anos de idade” (Teixeira, 2014, p. 21). Estes sintomas podem, segundo Varela (2022), “aparecer em qualquer etapa da vida [...] e, normalmente, vem acompanhado de outros transtornos associados” (p. 22), entretanto, são “iniciados normalmente entre seis e oito anos, raramente após o início da adolescência” (Oliveira & Costa, 2021, p. 361),
Destaque-se que o transtorno deve ter o seu tratamento iniciado junto ao seu diagnóstico, conforme orienta Teixeira (2014), pois a “intervenção precoce constitui uma importante forma de tratamento e de se evitar o curso deteriorante do transtorno” (p. 11), que pode evoluir para um “transtorno de conduta que, caracterizado como um transtorno mais grave, apresenta padrões persistentes de conduta dissocial, agressiva ou desafiante” (Oliveira & Costa, 2021, p. 361).
Estudos sobre o TDO são apresentados em muitos trabalhos levantados na literatura acadêmica, como, por exemplo, Teixeira (2014), Lobo & Mamedes (2020), Oliveira & Costa (2021) e Varela (2022), que concordam com a premissa de que a criança, devido ao transtorno, não consegue seguir as regras em casa e pode evoluir para um “desprezo ou transgressão a normas sociais” (Guimarães, 2023, p. 7). Como consequência, apresentam comportamentos como desrespeito, maior impulsividade, mais conflitos, rebeldias, agressões e teimosia, fazendo com que sejam crianças extremamente desafiadores, o que cria uma sobrecarga aos pais e irmãos, ou seja, dificuldades de relacionamento familiar (Lobo & Mamedes, 2020).
Deste modo, encontra-se um grande clima de desarmonia e ansiedade no ambiente familiar da criança, o que dificulta a possibilidade de que a família consiga se integrar em um processo participativo inclusivo. Por este quadro, como consequência, mostra-se que existe uma clara dificuldade de que ações de fundo pedagógico e planejadas na família possam ser implementadas em casa para que a criança cresça em um ambiente familiar inclusivo. De ser levado em conta, que, em geral, existe a descontinuação do tratamento de transtornos nas residências familiares, sendo que este quadro se torna mais complexo, quando se envolve uma criança com TDO, pela sua própria dificuldade de seguir a organização da família (Teixeira, 2014).
Por outro lado, vem à tona a importância do som musical, que pode ser um instrumento de grande importância na vida destas crianças com este tipo de transtorno, pois contribui para uma harmonia que deve estar presente em vários aspectos em seu cotidiano. Dentre outros benefícios, proporciona relaxamento profundo, estimula a sua criatividade, a inteligência emocional, os pensamentos, assim como transmite a tranquilidade e confiança à criança (Miranda, 2021). Sob esta mesma ótica, Neves (2021) defende que “a música tem efeitos visíveis na parte educacional e na vida pessoal e social dos alunos uma vez que é capaz de mexer com sentimentos, estados de espírito, com a memória e com a concentração” (p. 25).
Como resultado, o som musical pode ser visto como um vetor de inclusão, pois, por meio de músicas selecionadas, compostas por sons de qualidade melódica, podem trazer a sensação de que os alunos se sintam livres em criar suas próprias fantasias e exercerem a criatividade na magia infantil por meio de uma dinâmica musical Adicione-se que este conjunto virtuoso acaba por colaborar para um processo inclusivo em sua casa, que tende a ter o bom resultado extrapolado para a escola e, por conseguinte, para toda a sociedade.
Dentre as opções de intervenções que podem ser propostas de apoio às famílias, surge a possibilidade do ensino por meio lúdico com base musical, o que se apoia na visão de Lopes et al. (2022), pois “quando a criança brinca de faz de conta, se apropria da cultura que está inserida, explorando a imaginação e construindo diversos significados e situações.” (p. 163). Por isto, segundo Amado (2019), são recomendadas atividades musicais práticas, dentro do método ativo de Dalcroze, “como exercícios de reação rápida e de marcha rítmica; cânones interrompidos ou contínuos e improvisação rítmica e melódica” (p. 37). Em adição, a mesma autora aponta o uso de exercícios de “leituras rítmicas e melódicas em jogos lúdicos; a articulação das notas, relaxamento corporal e de postura; de respiração diafragmática e exercícios de balanço corporal e continuidade de movimento” (p. 38).
O ato de brincar contribui para um desenvolvimento integral na criança, construindo habilidades e potencialidades nos aspectos cognitivo, motor, psicológico e social (Amado, 2019). Esse desenvolvimento pode ser notado em todas as crianças, inclusive as que possuem necessidades educativas especiais, incluindo-se neste universo as portadoras de TDO, para as quais a utilização de atividade do tipo jogo possibilita uma melhor interação destas crianças com aqueles que estão ao seu redor (Teixeira, 2014).
Sob esta ótica de ludicidade, a utilização da música pode ser um grande fator contributivo para uma prática pedagógica que consiga fazer com que a criança acabe por se envolver nos diálogos na educação musical, pois, normalmente, intervenções planejadas em uma modelagem lúdica tendem a fazer com que o aluno fique mais sociável (Carvalho, 2018). Nesta visão, encontramos, na literatura acadêmica recente, os trabalhos de Lopes, Castro e Santos (2022) e Neves (2021) que trazem à tona a grande importância em trabalhar com a música, pois, sabe-se que cada desenvolvimento é único, o que se torna importante no acompanhar do progresso da criança no seguimento educacional.
A prática de terapias musicais deve ser utilizada em intervenções por meio de um modelo já validado no meio acadêmico, o que pode ser verificado, como, por exemplo, nas pesquisas de Amado (2019), Cerqueira (2020), Miranda (2021) e Neves (2021). Estes autores aplicaram uma sistemática musical dentro de uma proposta de diferenciação pedagógica, trazendo ao meio de crianças com transtornos de comportamento os “conceitos da proposta de Dalcroze com as três ferramentas básicas que são: a rítmica, o solfejo e a improvisação” (Miranda, 2021, p. 68).
Portanto, após a contextualização teórica, a justificativa e relevância da pesquisa se impõem, ao se apresentar um estudo de fundo inclusivo, sob um método de abordagem musical, em uma prática pedagógica para que seja melhor trabalhada ou adaptada à realidade familiar. Por conseguinte, pretende-se que seja desenvolvida uma maior competência dos pais para melhor lidarem com o TDO na busca da tão sonhada inserção social para os filhos e, ao mesmo tempo, para contribuírem sinergicamente com a escola.
Adicione-se que, além da abordagem de trazer aos familiares uma nova opção de ação pedagógica de desenvolvimento da criança com este tipo de transtorno, este artigo científico contribui para um tema ainda pouco desenvolvido na literatura acadêmica na área de Pedagogia, o que “evidencia a necessidade de discussão pela grande falta de informações que o cerca” (Varela, 2022, p. 12) e corrobora o papel da família como apoio no tratamento, pois, neste processo, os pais devem estar incumbidos “do papel de fortalecimento de boas relações familiares” (Oliveira & Costa, 2021, p. 365).
O desenvolvimento do artigo se apresenta sob o manto do objetivo geral de apresentar, observar, analisar, discutir e propor melhorias de uma prática pedagógica inclusiva no lar para uma criança com transtorno desafiador opositor (TDO) com o uso de música clássica.
Metodologia
A pesquisa é de natureza qualitativa aplicada a um estudo descritivo e observacional por meio de caso presenciado de exercício musical, sob o prisma da metodologia de Jacques-Dalcroze, com foco nas reações comportamentais de um aluno portador de TDO. Destaque-se que Gil (20 Methodology09, p. 33) mostra que a abordagem qualitativa de uma pesquisa tem por objetivo “a busca da objetividade, como está sendo aqui considerada, refere-se, basicamente, aos métodos e técnicas adotados na coleta de dados e análise dos resultados da pesquisa”. A natureza qualitativa do método, na visão da pesquisadora, pode melhor se enquadrar para trazer a resposta à pergunta de pesquisa que se caracteriza pelo desafio de propor uma prática pedagógica inclusiva para uma criança com transtorno desafiador opositor (TDO) no ambiente familiar.
Para a realização da prática, foi necessário que a preparação dos materiais utilizados estivessem com foco para o atendimento da pergunta de pesquisa, bem como os participantes terem ciência do que é esperado. Por outro lado, vale a ressalva, de que é um desafio propor uma prática de envolvendo aprendizagem a uma criança com TDO, pois “sem quaisquer transtornos ou necessidades especiais o processo de ensino aprendizagem é complexo, no entanto, para uma criança com TDO, será ainda mais complicado” (Varela, 2022, p. 24).
Foram participantes da prática uma criança do género masculino, com o diagnóstico médico e psicológico de TDO, que frequenta o ensino básico pré-escolar em uma instituição de ensino infantil pública, tendo 5 (cinco) anos de idade e os membros da família (pais e irmã), sob o prisma da intervenção precoce, que, segundo Côrtes (2021) pode ser “a chave para o sucesso terapêutico das alterações comportamentais” (p. 9).
O experimento foi realizado no dia 10 de outubro de 2022, tendo como local a residência da criança, na cidade de Viana do Castelo, Portugal. Para melhor registro da prática, solicitou-se autorização dos pais para que algumas fotografias fossem tiradas da prática pedagógica proposta, o que foi devidamente autorizado, com a condição de que o rosto de todos os participantes fossem totalmente cobertos.
A proposta metodológica do artigo científico trouxe o método e os materiais inspirados na metodologia de Dalcroze, que Amado (2019), Castilho (2020), Cerqueira (2020), Neves (2021) e Miranda (2021) aplicaram em suas pesquisas, dentro de uma proposta de diferenciação pedagógica, “com as três ferramentas básicas que são: a rítmica, o solfejo e a improvisação” (Miranda, 2021, p. 68). A métrica adotada pela pesquisadora para a observação do comportamento da criança foram as três ferramentas do método de Dalcroze, que são apresentadas na tabela 1:
Tabela 1
Ferramentas básicas do método de Jacques Dalcroze
Ferramentas | Caracterização |
---|---|
Dinâmica rítmica | Caracterizada pelo estudo observacional dos movimentos do corpo por meio da influência musical na percepção da criança. |
Solfejo | Capacidade da criança em conseguir entender a partitura musical, com uma possível marcação dos tempos com o uso das mãos. |
Improvisação | Combinação das noções adquiridas na rítmica e no solfejo e sua exteriorização musical por meio do sentido tátil-motor. |
Fonte: Adaptado de Miranda (2021).
Assim, a prática proposta, que foi realizada em família, caracterizou-se pela execução da parte inicial de uma peça de música clássica que foi realizada com a criança com TDO e seus familiares. A seleção desta melodia ocorreu devido à criança já estar familiarizada com a música e ter realizado algumas práticas anteriores com a mãe, entretanto, sem nenhum fundo acadêmico.
O material utilizado foi a partitura da introdução da música clássica de “Jesus a Alegria dos Homens”, composta no ano de 1716, pelo músico alemão Johann Sebastian Bach, que está apresentada na figura 1:
Figura 1
Secção da partitura a ser trabalhada com a criança
A preparação para a dinâmica consistiu na instalação na mesa da sala de estar da residência familiar de um piano tipo keyboard, pois Castilho (2020) aponta este instrumento musical como o “principal na Rítmica” (p. 118). Foram colocadas, em adição, três cadeiras com a seguinte disposição: a cadeira da criança em frente ao teclado, ocupando a posição central. Uma outra cadeira à esquerda da criança, que foi destinada ao pai e uma terceira cadeira à direita da criança, para o assento da mãe. A pesquisadora ficou de frente para a família para observar o experimento.
Em adição às observações da pesquisadora realizadas para recolhimento de dados e informações, foi utilizado o prisma bibliográfico para a análise e discussão por meio da confrontação da literatura acadêmica selecionada diante da aplicabilidade da metodologia de Jacques-Dalcroze.
A busca por referências foi realizada de modo sistemático e avançado nas bases do Portal de Periódicos Brasileiros da CAPES/MEC, da Plataforma Portuguesa RENATES, que recolhe informação oficial sobre teses de doutoramento e dissertações de mestrado, realizadas em Portugal, e no Portal da Revista Portuguesa de Ciências e Saúde. A busca ocorreu no dia 21 de maio de 2023, considerando-se os últimos 5 (cinco) anos de período de publicação, no idioma português, por meio dos descritores “transtorno desafiador opositivo” ou “Jacques-Dacroze”.
A construção metodológica do artigo obedece a uma racionalidade específica de um fluxograma básico de processo, que está apresentado na figura 2:
Figura 2
Fluxograma básico do processo metodológico do artigo
As anotações de campo, durante a experiência, ocorreram em registros próprios e foram realizadas pela observação direta dos participantes conforme a taxonomia proposta, sendo que os seus dados e informações foram coletados conforme orientação de Severino (2010) de que serão “registrados com o seu necessário rigor e seguindo os procedimentos de análise de campo” (p. 121).
O prisma que guiou este estudo de caso foi norteado pelo conjunto integrativo de características, que foram o conceito musical, conteúdos a serem desenvolvidos, competências a desenvolver sob os domínios da audição e interpretação musical, atividades musicais desenvolvidas com o uso do piano e, ao final, a verificação dos pontos fortes e oportunidades de melhoria para a prática inclusiva familiar.
Sob este cenário, com o estimulo de orientações verbais da pesquisadora, a intervenção teve início às 10h00min do dia 15 de outubro e o seu respectivo final, às 10h50min do mesmo dia, contando com a participação do pai, da mãe, da irmã e da criança com TDO. A prática teve a duração de 40 minutos, sendo considerados cuja trajetória de sete eventos principais listados em linha cronológica, que foram determinantes para a sua realização, cujos resultados são apresentados e discutidos a seguir.
Resultados
A prática tem os seus resultados apresentados e discutidos frente às ferramentas básicas de Jacques Dalcroze e à bibliografia identificada. Assim, a dinâmica temporal destes eventos está apresentada na tabela 2:
Tabela 2
Desenvolvimento temporal do exercício da criança com TDO com a família
Eventos | Horário | Descrição básica da Observação |
---|---|---|
1 | 10h00min | Testado o keyboard e disposição de assentos |
2 | 10h10min | Explicação da realização da prática para a criança |
3 | 10h20min | Início da prática supervisionada com partitura com pais |
4 | 10h25min | Interação com o pai diretamente no teclado |
5 | 10h31min | Partitura supervisionada com irmã |
6 | 10h46min | Desinteresse da criança |
7 | 10h50min | Término da prática |
Nota-se que os eventos 1 e 2 fazem parte de qualquer intervenção básica de um profissional de Pedagogia, ligado ao planejamento da prática. Sob este prisma, o experimento foi preparado sob a perspectiva dalcroziana, uma vez que esta pode ser tomada como uma educação rítmico-muscular do corpo, afim da regulação da coordenação do movimento com o ritmo (Castilho, 2020). A ludicidade da prática pode ser um fator de sucesso, pois atividades lúdicas tendem a “serem mais divertidas, mais dinâmicas e menos aborrecidas fomentando o espírito de grupo e melhorando a interpretação e expressividade” (Amado, 2019, p. 62), com o intuito de criar um ambiente favorável (Cerqueira, 2020) à criança para a dinâmica inclusiva no ambiente familiar.
Por outras palavras, buscou-se evitar o que seria característico de crianças com transtornos comportamentais ao terem restrições naturais “na interação dessas pessoas com ambientes ou situações não motivadoras que impossibilitam condições para que elas se desenvolvam no meio social” (Miranda, 2021, p. 69).
Em relação ao evento 3, simbolizado pela figura 3, verifica-se a prática em execução, após dada a sinalização verbal para o início da atividade de execução da partitura, tendo os pais com a proposta da escuta ativa no atendimento da criança, já que seria de esperar de crianças com esta síndrome “uma teimosia persistente; elas são resistentes a ordens e parecem testar os limites dos pais a todo momento”. (Teixeira, 2014, p. 21).
Figura 3
Captura da execução da prática - Evento 3
Notou-se, de modo positivo, que a criança encontrava-se motivada e com uma expressão de contentamento, sendo o suficiente para que iniciasse a leitura da partitura e uso do teclado com as duas mãos, demonstrando uma efetiva dimensão rítmica, com a competência de traduzir em som melódico as primeiras notas musicais, pois a sua rítmica exercita, simultaneamente, a atenção, a inteligência e a sensibilidade. Este fato corrobora Castilho (2020) ao mostrar que “através da atenção o indivíduo sente e regista de imediato o que acontece; com a inteligência compreende e analisa o que sentiu e com recurso à sensibilidade, sente a música e penetra no seu movimento” (p. 118).
Neste momento, a criança demonstrou assertividade no movimento de pressão das teclas, bem com girou em alguns graus a cabeça, com a intenção de melhor ouvir o som da melodia que desenvolvia. Além disso, demonstrou engajamento pelas expressões faciais e pelos movimentos dos lábios, pronunciando um sorriso por diversas vezes e palavras que possuíam alguma similaridade com o ritmo do piano.
Estas características da criança, observadas na fase inicial da prática, não foram contínuas, pois verificou-se que não ocorreu nenhuma ação específica do sentido tátil-motor da criança que seja considerada como improvisação, na combinação da rítmica e do solfejo, onde se desenvolvesse “a expressão, a criatividade e a musicalidade como um todo” (Miranda, 2021, p. 71).
Em relação ao evento 4, representado pela captura da execução da prática na figura 4, após cerca de cinco minutos após a prática decorrida, a criança começou a demonstrar uma tendência à desconcentração, repetindo os acordes iniciais de modo constante e, a seguir, passou a pressionar as teclas de um modo descoordenado.
Figura 4
Captura da execução da prática - Evento 4
Neste momento, observou-se que ela trazia a clara indicação de que não seria mais capaz de caminhar ritmicamente sozinha, demonstrando descontentamento na realização da atividade. Devido a isto, a pesquisadora recomendou o pai, que possui formação musical básica, que tomasse a iniciativa de partilhar o teclado com a criança, no intuito de trazer a motivação e o incentivo para tentar o retorno da dinâmica anterior.
Contando com a participação do pai, a prática voltou a tomar o rumo desejado, quando se observou um maior interesse da criança em retornar o processo rítmico e ao solfejo que vinha desenvolvendo.
Ademais, apresentou movimentos corporais e tentativas de verbalizar a música que tocava por meio do teclado. Ficou claro a importância da presença do pai para a atividade, inicialmente, em um modelo de escuta ativa que serviu de estímulo para que iniciasse a prática e após, motivando a criança para o retorno da dinâmica.
Pode-se, assim, entender que, nesta fase da dinâmica, observou-se um conjunto que se percepções da criança que se traduziram no “movimento corporal, sua dinâmica de desenvolvimento por meio da escuta ativa, movimento e reflexão, unido aos fatores mentais, sensíveis e sensório-motores.” (Miranda, 2021, p. 73).
Em relação ao evento 5, representado pela captura da execução da prática na figura 5, a criança cessou de modo instintivo a prática, quando foi recomendada a aproximação da irmã com o intuito de integrá-la na dinâmica.
Figura 5
Captura da execução da prática - Evento 5
Note-se que um possível conflito com a irmã já poderia ser esperado neste tipo de prática pedagógica familiar para uma criança com o transtorno, pois o TDO segue uma tendência esperada por acabar “interferindo muito no relacionamento com membros da família” (Teixeira, 2014, p. 33). Ademais, Amado
Em relação ao evento 6, representado pela captura da execução da prática na figura 6, após a tentativa de integrar a irmã na prática pedagógica, sendo feito o pedido para irmã não mais participar da prática.
Figura 6
Captura da execução da prática - Evento 6
Observou-se que a criança se tornou totalmente desinteressada em continuar com a prática pedagógica, demonstrando incômodo com a presença da irmã, mesmo com o incentivo trazido pela mãe e grande esforço do pai para que a criança a retomasse a prática ao estimular a aplicação das três ferramentas dalcrozianas.
Após estas ações realizadas, que tiveram como fundo pedagógico, pediu-se que a irmã se afastasse do local da prática, tentativas coordenadas de retornar a dinâmica rítmica, criança apresentou um comportamento reativo e com indícios de aversão à abordagem dos pais, com a consequente demonstração de animosidade para continuar a fazer parte da intervenção. Este tipo de característica é típico do transtorno, pois crianças portadoras “apresentam uma dificuldade no controle do temperamento e das emoções” (Teixeira, 2014). Neste caso, aos olhos da pesquisadora, entende-se que a atitude dos pais em insistir que a criança retomasse a atividade para o retorno foi a melhor decisão naquele momento.
Como consequência, observou-se a reação emocional no comportamento da criança, que deita a cabeça e recolhe os seus braços em claro sinal de insatisfação para prosseguir na atividade. Cientes de que a prática nada mais renderia pedagogicamente, a partir de uma ação mais incisiva dos pais, fez-se a opção de encerrá-la, com a noção de que o objetivo da prática foi atingido. Por conseguinte, a mãe tomou o cuidado de explicar à criança a razão do término, mantendo a voz firme para evitar ou não estimular a construção de uma figura de “reizinhos, ditadores e pequenos tiranos que dominam, manipulam e mandam nos próprios pais” (Teixeira, 2014, p. 125).
Discussão
Iniciando a análise crítica, abordando-se os pontos positivos, verifica-se que a presença da mãe e do pai participando diretamente, desde a concepção da intervenção, seu planejamento e execução foi algo muito sintomático para que a criança estivesse com motivação e interesse em participar. O período inicial da prática foi tomado como muito positivo, pois era importante que a criança conseguisse, dentro de uma abordagem lúdica e envolto no afeto dos pais, “familiarizar-se com os elementos da música através do movimento corporal integral melhorando o aprendizado nesse processo” (Miranda, 2021, p. 61), pois “trabalhar de forma lúdica e afetiva leva a uma intencionalidade pedagógica que valoriza o momento do brincar” (Pacheco & Nascimento, 2023, p. 5343). Como mais valia, ainda são apontadas as tentativas de oralizar a peça musical por parte da criança, indicando um caminho que poderia ser desenvolvido para que a voz da criança trabalhasse uma melodia própria para maior interação com os seus pais.
Ressalta-se que a participação do pai trouxe segurança para a criança, o que pode ser observado no momento em que utilizaram o teclado juntos, conseguindo avançar na dinâmica rítmica, bem como o processo de solfejo, que teve considerável robustez.
Este conjunto mostrou um momento de sinergia entre os três participantes, trazendo à tona uma caraterística atingida pelo método dalcroziano destacado que seria mais harmonioso, “ativo, mais dinâmico, menos predefinido, mais diferenciado e adequado ao perfil e nível de conhecimento de cada aluno, deixando ao aluno espaço para um grau de autonomia e iniciativa” (Amado, 2019, p. 61). Vale a menção de que a criança encontra-se inserida em uma família com boas condições econômicas e socioeducacional, o que pode ser tomado pela estrutura que foi montada para a prática na casa da criança, o que tende a favorecer uma ação mais consciente da família no sentido de inclusão da criança na sociedade (Neves, 2021).
Como ponto ainda a se destacar, não se observou nenhuma característica ou comportamento que indicasse a existência de uma “família disfuncional, hostil, violenta ou negligente, que são alguns dos fatores de pior prognóstico ao portador do transtorno desafiador opositivo” (Teixeira, 2014, p. 35). Ao contrário, foi observado um ambiente estável e harmonioso, demonstrado pelo extremo carinho e amor que os pais dedicavam à criança, bem como pela paciência por muitas tentativas de continuidade como nos momentos finais da intervenção. Seguindo-se na análise crítica, abordando-se as oportunidades de melhorias, não foram observados comportamentos que demonstrassem, dentro do princípio da improvisação, ações neste sentido por parte da criança, o que pode ter sido resultado da ausência de “recursos didáticos variados, por exemplo, objetos coloridos” (Amado, 2021, p. 38) que poderiam ter sido construídos pela criança com o auxílio dos pais.
Em adição, pode ser mencionado que a orientação dos pais dada para a criança para que as regras da realização da prática fossem seguidas, ao que parece, pode ter influenciado de forma significativa na ludicidade da intervenção, o que pode ter levado que a criança não se sentisse à vontade para casos naturais de improvisação. Outro ponto que merece destaque, verificou-se que a irmã, ao ser introduzida durante a prática, influenciou na desconcentração da criança, o que pode ter sido determinante para a dificuldade de retomar a intervenção, sugerindo que a irmã deveria ter sido inserida desde o início da prática. Além disto, indica-se que o insistente movimento dos pais para que retomasse a atividade, foi, ainda outro fator de contribuição para que a criança demonstrasse o comportamento de irritação, que levou ao término da intervenção.
Conclusão
Este artigo científico versou sobre apresentar, analisar, discutir e trazer recomendações para melhoria de uma prática pedagógica com o uso da ferramenta da música clássica para uma criança do ensino básico com TDO. Dentro de um foco inclusivo é proposta uma atividade que possa ser realizada no ambiente familiar. Em consecução foram, ainda apresentadas, as etapas da prática pedagógica trazendo a sua avaliação sob uma análise crítica, apresentando-se pontos de possíveis melhorias para futuras intervenções deste tipo. Considera-se que este estudo de caso é um insumo orientador importante para que pais e familiares busquem possibilidades concretas dentro de um critério pedagógico inclusivo, para que consigam melhor lidar com este desafiador tema do TDO fora do amparo tradicional da escola ou de clínicas especializadas.
Ao apresentar uma prática, sob a visão da pedagogia diferenciada, possível de ser realizada na residência de uma criança com TDO, mostrou-se que os três domínios fundamentais da metodologia de Jacques-Dalcroze (ritmo, solfejo e improvisação) são vetores que facilitam atividades com baixa complexidade, o que confirma a hipótese que sustenta a argumentação de uso da metodologia de Dalcroze como processo pedagógico e como terapia para apoio para a família e a criança. Ademais, pretendeu-se mostrar que a expressividade musical e a dinâmica corporal são fatores que, se bem direcionados pelos pais, podem ser determinantes para uma boa relação familiar com a criança e o restante da família, contudo todas as atividades devem ter o início com toda a família com regras mais flexíveis que estimule a improvisação da criança.
Ratifica-se a importância da figura paterna, pois, através da sua presença, da participação e da colaboração na atividade pedagógica, desenvolveu uma forte interação no ambiente familiar. Foi possível proporcionar à criança força, estabilidade emocional, autoconfiança, segurança e proteção por estar na companhia e na presença do pai. Destaque-se, em adição, o reforço aos vínculos e laços afetivos entre pai e filho, envolvendo a mãe, para participar e fortalecer a harmonia no ambiente familiar, que deve ser trabalhada para evitar conflitos com irmãos ou irmãs.
A criança, ao lado dos pais, demonstrou um comportamento colaborativo, em vários momentos, sob um estado emocional equilibrado e com muita segurança, bem como calma, interessada e concentrada na prática pedagógica, demonstrando que o planejamento e a preparação inicial são muito importantes para o sucesso de uma intervenção com uma criança com TDO. Elas precisam de uma estrutura bem organizada e bem planejada, para um aumento de interesse nas atividades de interação social e familiar, com o apoio de uma música melodiosa que estimule uma ponte de atenção em seus lares. Necessitam, ainda, de mais afeto, atenção, elogios, reconhecimento e incentivo por toda a família para que a criança se sinta mais segura e feliz, dentro de um clima de positividade estabelecido pelos seus familiares, que deve ser extrapolado para o convívio social.
Como limitação da pesquisa, entende-se que a prática pedagógica com a criança com TDO foi realizada uma única vez e gerou um único estudo de caso, por conseguinte, merece a recomendação de que seja repetida outras vezes, sob o prisma do método de Dalcroze, com o intuito de que seja traçada uma linha estruturada de reações da criança para o ambiente inclusivo. Ainda, deve ser citada como outra limitação ao estudo, um possível viés subjetivo da pesquisadora para a análise do caso e suas conclusões, já que possuía vínculo de amizade com os pais da criança.
Em relação a futuras pesquisas, recomenda-se como proposta de continuidade que o tema demanda, que envolva crianças e família, no período de educação infantil com TDO sob o prisma da metodologia de Dalcroze, em práticas pedagógicas. Verifica-se que o TDO se apresenta como tema pouco explorado no ambiente acadêmico português e pesquisas com intervenções planejadas em ambientes familiares seriam uma grande mais valia para contribuir para maior qualidade no relacionamento com os pais, apoio à escola regular e para a inclusão social da criança.
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